Cantor de Piracicaba pensou que fosse morrer cantando para gente bêbada.
É sábado de manhã na passarela Nego Quirido, no Centro da Ilha catarinense. Chuva vai e vem. O Sol parecia estar com preguiça de dar o ar da graça em Desterro. Mas quem queria mesmo aparecer para cantar e encantar era Diego Moraes. O rapaz de 23 anos, que foi vice-campeão de um reality show de música, surge cantando Garçom – sucesso na voz de Reginaldo Rossi. Nascido em Piracicaba, no interior de São Paulo, o jovem despojado, estiloso e com traços marcantes criou gosto pela música e a perceber que levava jeito para a coisa quando a família o incentivou a cantar num coral de uma igreja.
Filho do meio, de três filhos que o casal Maria Anita e José Dimas (in memorian) fizeram, Diego Moraes começou a estudar piano aos 7 anos de idade. As influências do moço formaram parte do que ele se tornou musicalmente. Dentre as tantas personalidades que o inspiraram estão sua mãe, Adriana Calcanhoto, Elis Regina, Maria Rita, Gilberto Gil, Cássia Eller, Billie Holiday, Amy Winehouse e Ray Charles. Ele mesmo considera difícil nomear as pessoas que fizeram parte de sua trajetória musical.
Muita coisa foi precoce na vida de Diego. Aos 16 anos ele começou a perceber que tinha uma voz um tanto peculiar para se cantar. Nesse vai e vem da vida, o rapaz, que logo se mostrou independente, foi morar durante dois anos no Mato Grosso. Lá ele começou a adquirir a experiência ao cantar em barzinhos. MPB era o estilo de música que cantava pelas noites de Juara. E logo aos 20 anos, ele se deu conta de que poderia viver, se sustentar com o ofício. Fazendo arte. Fazendo música.
Na conversa agradável com Diego, perguntei quem ele era antes de chegar aonde chegou. Pensativo, calmo, ele responde. “Eu era estático, preguiçoso, acomodado e pensei que fosse viver o resto da vida cantando para pessoas bêbadas”. Muito educado, ele pede desculpas por estar se sentindo meio “vazio”. Um dos primeiros lugares que Diego começou a expor o seu dom para cantar foi na Banda Vibe Jam – uma banda que tocava de Amy Winehouse a Ivete Sangalo como o próprio também comentou.
O cantor disse que estava com saudades de casa, pois há 20 dias ele havia saído em turnê pelo país e sentia falta de sua cama, seu cobertor, de fazer faxina e comprar pão na padaria do bairro em que mora, em Campinas. Sim, ele ainda leva uma vida simples como qualquer um de nós e pretende levá-la até o fim da vida.
Em 2008, o também intérprete disse que fez inscrição no mesmo reality show, mas que não havia passado. Inquieto, desafiador e provocador de si, ele queria testar. Testar a própria capacidade e até onde iria chegar com o desafio lançado. Qual o desafio? O mesmo. O de se inscrever no reality show novamente em 2009 e ser aprovado. “Eu realmente pensei que não fosse conseguir. Uma amiga minha fez a inscrição por mim. E eu fui. Confesso que não pensei que fosse chegar tão longe”, relata o 2º colocado da competição que reuniu milhões de cantores do Brasil.
O então Diego Del Vale, como era chamado antes da fama, recebeu uma injeção de ânimo. Tudo corre muito bem, obrigado. Inclusive no nome. Diego Moraes surgiu por um acaso. “O apresentador do programa me chamou assim e eu pensei: ‘esse deve ser eu’, então ficou o Moraes mesmo”, explica. Hoje, o piracicabano tenta da melhor maneira possível otimizar seu tempo entre viagens, turnês e atenção a família, amigos e fãs. Sim, os fãs fiéis que ele conquistou Brasil a fora.
Prestes a lançar o primeiro DVD da carreira, com músicas inéditas, releituras e participação especial de Paula Lima e Taís Reganelli, Diego Moraes ainda tem um sonho a realizar. “Um dia quero cantar no Montreal Jazz Festival”, confessa. Os outros sonhos que ele idealizava, os objetivos, as conquistas, dia a dia estão sendo alcançados. Como o de sair cantando por aí.
Com uma identidade forte, expressivo e dono de uma voz inconfundível o cantor acaba deixando escapar o que seria o óbvio. “Eu não queria ser outro. Queria ser eu. Nunca cheguei a lugar algum para ser mais um”, reclamou. Diego Moraes não seria uma boa referência para ser apenas mais um, ele seria sim, sem sombra de dúvidas, uma soma e uma multiplicação da música, da arte e do canto.
desabafo de um homem velho e triste:
Há 2 anos
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