“... Somos o que somos, somos o que somos, inclassificáveis, inclassificáveis...”, O performático, o camaleão, o emblemático e por que não o mitológico cantor Ney de Sousa Pereira (ex-integrante dos Secos & Molhados), mais conhecido por você e por mim como, Ney Matogrosso, de 67 anos, passou como um furacão na ilha com o show Inclassificáveis, na noite desta terça-feira (7), no Teatro Ademir Rosa (CIC). Certamente ele teria total liberdade para cantar o refrão em própria homenagem. Ficaria mais ou menos assim: “Eu sou o que sou, sou o que sou, inclassificável, inclassificável...”. Causando euforia às centenas de pessoas que lotaram o teatro, o cantor abriu o show com a música O Tempo Não Para. Com muita expressão e um olhar matador, uma de suas marcas registradas, o astro brasileiro surgiu como um deus Inca num figurino que brilhava mais que as próprias luzes do show, e claro, arrancou gritos e aplausos com a interpretação da música de seu amigo íntimo Cazuza.
Acompanhado pelos brilhantes músicos, Felipe Roseno (percussão), Junior Meirelles (guitarra, violão e vocal), Carlinhos Noronha (baixo e violão), Sérgio Machado (bateria), DJ Tubarão (percussão e pick up), e pelo também ex Secos & Molhados, Emilio Carreira (piano, teclado e direção musical), a banda demonstrou total sincronismo com o cantor. Percebe-se que neste espetáculo, a direção musical de Carreira explora bastante os instrumentos de percussão, mas tudo isso misturado ao Rock, pop, samba e a MPB. A sintonia de Ney com eles é perfeita. Algumas pessoas comentaram que esta é a melhor banda que já teve. Deu pra notar também, que o retorno ao rock e as coisas que já fazia há anos foi inevitável. No show se ouviu Cazuza, Caetano Veloso, Arnaldo Antunes e Chico Buarque. Têm para todos os gostos. O espetáculo é sem dúvida nenhuma uma celebração de música, erotismo e exotismo.
O show tem bastante informação. A luz, que é assinada pelo próprio, o figurino, o cenário, a qualidade do som, fora a relação que visivelmente é perceptível do Ney com o público. É quase um caso de amor, uma relação sexual. Tanto é que o cara troca de roupa ali mesmo. Na frente de todos. E cada peça de roupa tirada lentamente corresponde a um grito. E a hora que este contato foi mais real, foi na interpretação inconfundível da canção Por que a Gente é Assim quando ele passeou entre a platéia. Foi mesmo para o povão. Muito bom! Delírio total! Outra cena marcante do show foi no momento em que ele interpretou o bolerinho Veja Bem, Meu Bem. Muito swing, muito rebolado e muita sensualidade foram deixados nesse momento. E o povo cantou junto do começo ao fim.
Sem exceção, todas as músicas interpretadas foram maravilhosas. É claro, a gente sempre tem aquela que marca mais, mas realmente, meus caros, este show do Ney foi completo. Redondo... “Nossa! Ele estava muito melhor que o primeiro (show) na Capital, há um ano. Achei ele muito mais animado e mais assanhadinho”, comentou a estudante Viviane Rocha. E ao final o cantor queria ir embora assim... Deu tchau, agradeceu muito, porém já imaginam o que aconteceu depois dele ter saído do palco não é?! O povo não arredou o pé. Gritamos (eu também gritei): Mais um, mais um, mais um... Ele teve que voltar! Encerrou o show com o tão aguardado bis. E foi de viver. Pro Dia Nascer Feliz foi a música que matou à pau e encerrou o show mais que pra cima! Daí levantamos, dançamos, teve gente que foi para a frente do palco, foi demais! Porém, só uma observação que não afetou em nada: Devido ao cansaço depois de 20 dias de gravação intensa do filme Bandido da Luz Vermelha, no qual Ney é o protagonista, e da turnê, que já está na estrada desde dezembro de 2007, ele tem direito de errar um pouquinho. No começo ele esqueceu a entrada da música, mas foi só um detalhe, o povo ajudou e vamo que vamo pular e aplaudir de pé porque o talento do Inclassificável Ney Matogrosso mais que merece. O recado foi dado. Saímos todos regozijando e ele só confirmou ser um dos maiores intérpretes do Brasil.
Novo Disco, novos projetos
Em entrevista exclusiva, Matogrosso adiantou que em maio vai entrar em estúdio para gravar um CD completamente diferente do Inclassificáveis intitulado por Beijo Bandido. O cantor contou que o CD vai ter clássicos da MPB. “Este CD vai ser gravado com um quarteto – Piano, Baixo, Cello e Violinho. Eu vou cantar coisas que ainda não havia cantado como, Fascinação, Tango para Tereza, algumas coisas também de Vila Lobos, uns bregas que eu adoro e vou terminar o CD com a música As Ilhas”, explicou. Com data ainda não definida para lançamento, eu posso adiantar a vocês que vem muita coisa boa por aí, o que já é de costume quando Ney assina em baixo.
Se existe alguém imaginando que o moço vai já se aposentar, ledo engano. Para alívio dos fiéis fãs ele ainda pretende atuar durante um bom tempo. O próprio disse por mais uns 15 anos. Ainda mais com o estilo de vida que leva. Então, para não morrer de curiosidade, perguntei o que ele faz para manter a forma física e o brilho da voz. “Eu faço ginástica, não tenho nenhum tipo de vício, não bebo porque não gosto, e por mais engraçado que pareça, eu não tenho nenhum cuidado específico com a voz. Eu apenas durmo. Durmo bastante”, afirmou o cantor sempre bem humorado e muito atencioso com seu público.
Ufa! Valeu à pena tudo. Agradeço ao Nani Lobo e a Eveline Orth pela atenção e por me levar até o cantor.
desabafo de um homem velho e triste:
Há 2 anos
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