Ele, professor de espanhol, levanta todos os dias às 10h em ritmo frenético. Ela, empresária, tenta acordar às 7h30 e a irmã, designer instrucional, às 8h. No final desse dia estressante de trabalho que iniciou cedo, eles querem se encontrar para sair, colocar o papo em dia. Se divertir. Esquecer o dia maçante. Mas onde? Então, vem a discussão. Eles reclamam. Reclamam muito. É assim que Roberto Webber, e as irmãs Tatiane e Patrícia Azzolini, reagem quando o assunto é: o que fazer à noite no Centro da cidade depois de um dia rotineiro? “Praticamente temos que garimpar para achar um lugar”, é o que diz insatisfeito, Webber, de 23 anos.
A empresária, Tatiane, de 24, começa o dia com o intuito de ir à academia para ficar em forma como toda a mulher moderna e bonita. Bastante bem humorada, ela revela que “nem sempre consegue”. Porque às 10h, precisa estar linda, bela e loira no próprio negócio que tem há quase um ano, o Espaço Viés - uma loja descolada de roupas que fica no subsolo da Galeria Parthenon, no Centro da cidade. Para a jovem administradora, o expediente termina às 21h30. Cansada, embora não fisicamente, mas, daquele dia louco, ela sente a necessidade de “sair com os amigos”. E quando se juntam, além da bagunça que é notória e visível, eles procuram uns lugares, entretanto, para achar um, segundo o trio, é complicado. A batalha começa aí. Por isso, via de regra, eles chegam ao consenso de “não ter muita opção”.
A designer instrucional Patrícia, de 26, também tem uma rotina bastante corrida como instrutora de professores que lecionam para cursos a distância. Quando não, está sempre na correria para o Rio de Janeiro, lugar que ela escolheu para sair da tal “falta de opção”. No dia da entrevista, havia acabado de chegar de um passeio por São Paulo. O Roberto, que gosta de ser chamado de Beto, disse que existe “um certo abandono” das autoridades e dos empresários de casas noturnas. Falta de atenção e cuidado, sabe? “As pessoas preferem ir muito mais para a Lagoa (da Conceição) ou sair da cidade a ficar pelo Centro justamente por causa desses abandonos que a gente sabe que existe”. Com mais esse motivo, muitas vezes, o trio que costumeiramente sai junto, deixou de ir curtir a vida noturna no coração da cidade para também ir para a Lagoa. Não deu noutra.
Pois bem, o desafio desta reportagem foi achar vários “recantos”, “abrigos”, para ser mais claro, diversão, não somente para os esses jovens desbravadores, mas, para todo aquele que um dia reclamou da existência de bons lugares para, como eles dizem, “se jogar”. Vamos lá! O desafio foi lançado.
Colorido e Eletrizante
Diferente e atraente
“O povo que freqüenta aqui é inteligente, bonito, culto e endinheirado”, é assim que o ousado empresário Gil Eanes define o perfil das pessoas que freqüentam o famoso, para muitos, Blues Velvet Bar, localizado na rua Padre Roma. Lá o funcionamento é de quarta-feira a sábado. “Eventualmente acontece alguma coisa às terças-feiras como cinema ou música ao vivo, mas o povo sempre é avisado com antecedência”, fala o dono Eanes. O Blues é um bar com características muito particulares, a começar pelo público, que o proprietário afirmou ser “um show a parte” - o que realmente notamos-, a decoração do local, as músicas marcantes e as bebidas que os barmans, como o imbatível Asdrúbal, servem na bodega. Além de ser agradável, nas quartas-feiras, o negócio fica melhor ainda. Ela. Zuleika Zimbábue. Isso mesmo. A Macaca monstra e falante, diva freak da Ilha, chega com atrações para arrancar risos e contorcer pensamentos de qualquer cidadão. O quadro mais esperado da noite é a urna sexual - hora em que a sábia Zuleika tira as dúvidas sexuais dos espectadores. Fora os programas de alto padrão como o La Gonga – show de calouros, que a traveca apresenta uma quarta-feira por mês. Outra novidade do bar é a quinta Jazz. Acredito que seja o único lugar na cidade inteira que tenha jazz com bandas ao vivo. Vale à pena! A Zuleika ta doidinha para tirar tudo e todas as tuas dúvidas sexuais.
Para todas as tribos
Luz, animação e som alto: A Concorde Club, que fica na Avenida Rio Branco, vai te recepcionar assim. É outra opção interessante que está sempre repleta de gente. No começo da história da boate, em 2001, ela estreou como filial da Concorde Club da Itália. O dono não havia especificado quem iria frequentar, mas, com o passar do tempo, o público GLBTS tomou o lugar. A boate abre as portas para receber o público, não só gay, aos sábados e vésperas de feriado. “Uma vez por mês nós também abrimos as sextas-feiras, para uma festa chamada Perversion, voltada para mulheres gays. Agora, claro, todos podem participar”, completou o promoter, Leo Gross. A casa é bem diversificada. Muitos heterossexuais acabam indo até lá por não encontrar outras opções. Uns escolhem por causa da música, as meninas porque não gostam do assédio um tanto direto dos homens, outros por ser um lugar seguro, sem nenhum tipo de confusão. A Concorde tem alguns atrativos a mais como os Gogo Dancers, os DJs e, em dias especiais, alguns pocket shows com cantoras que estão no circuito da música house e eletrônica. Dá uma passadinha por lá e seja feliz!
O Canto do Noel Rosa
É impressionante o quanto esse bar tem história por toda parte. Sabe quando você entra num lugar e sente como se tivesse naqueles grandes pontos famosos de cidades do Brasil, a saber: Copacabana, Ipanema, Ipiranga e Avenida São João? Pois é. Para quem gosta de samba de raiz, bossa nova, jazz, blues, vinhos, feijoada e uma cerveja gelada, tem que ir ao Bar Canto do Noel. Situado na rua Tiradentes, não poderia ser diferente quando falei sobre “história”. Há 56 anos o bar embala a vida de boêmios, estudantes, políticos, jornalistas, músicos e afins. O grupo de amigos Tatiana, Rafael, Christian, Mauro e Christele são o belo exemplo de pessoas que freqüentam o bar e elegeram o lugar como o “ponto de encontro da amizade”. Esse “ponto de encontro” acontece há quase dois anos, todas às quartas-feiras à noite. “Aqui é um espaço democrático. Podemos discutir vários assuntos sobre política e história abertamente, sem censura. Gostamos não só por essa liberdade, mas também pelas músicas. Fora que é aconchegante!”, contou a empresária Tatiana Cidral, com o som de fundo da música, “Chega de Saudade”, de João Gilberto. Se um dia pretender ir ao Canto do Noel, que abre todos os dias a partir das 8h e tem entrada franca, além da Tatiana e os amigos dela, você vai encontrar muita gente! Do cenário poético, jornalístico, político, cultural ou intelectual da cidade. O bar já recebeu até mesmo a visita da cantora norte-americana Liza Minnelli. Também irá perceber o cuidado que o proprietário, Edson Golinho, de 62 anos, tem até mesmo com a decoração bem particular. Com fotos, inclusive, do dia em que a cantora Liza Minnelli juntamente com o poeta catarinense Luiz Henrique Rosa, estiveram se divertindo. Vai conferir! Você vai se sentir, no mínimo, um boêmio com gosto bastante apurado.
O trio de amigos, Roberto, Patrícia e Tatiane vão repensar em relação às “poucas opções” que disseram existir. Com tantos lugares a desbravar, tantas pessoas diferentes para conhecer, tantas variedades de músicas... O Beto e a Tatiane não podem mais reclamar nem da “solteirice” e a Patrícia, não vai mais precisar ir para o Rio de Janeiro... Agora é só escolher. Fora uns lugares que não ressaltamos, mas que também sabemos que são interessantes como a Cachaçaria da Ilha, Floripa Music Hall, Jivago, Ilhéus e tantos outros. Lugares têm! A não ser que o gosto deles interfira na hora de escolher o local apropriado para uma boa diversão. Fica a dica para os amigos e muitos reclamões de plantão. A Zuleika, no Blues, a Selma Light, no Mix Café, a diversidade marcante da Concorde, as diversas atrações do El Divino Lounge e o gostoso Canto do Noel te esperam para uma bela diversão. Agora só vai depender de você ir até lá.
desabafo de um homem velho e triste:
Há 2 anos
Billy, tens um texto ótimo, mas botar "rio de janeiro" como tag pra esse post foi de propósito? Não entendi.
ResponderExcluirContinua com teu blog...